sábado, 20 de abril de 2024

Mesa da Palavra e Mesa da Eucaristia em Alberione

 


Mesa da Palavra

 

Introdução

Alberione ensina a rezar - Culto à Bíblia                                  

Como oração queremos iniciar lembrando o culto que o bem-aventurado Alberione, desde os inícios prestava à Palavra:

Em 1921, ele começou a levar consigo o Evangelho, que dizia ser “eficaz oração”.

Em 1923, introduziu no início das aulas e encontros a leitura de um trecho dos Evangelhos, “com um breve comentário sobre o Mestre Divino”.

Em 1924, fazia-se a solene exposição do Evangelho ao lado do Sacrário. Ambas na mesma cátedra. Dizia: “É necessário aprender a prestar culto ao Evangelho, como se dá à Eucaristia”.

Cada ano - O Evangelho será objeto de especiais celebrações anuais: as “festas do Evangelho”. (Gesù, il Maestro, Ieri, Oggi e sempre, p. 90,1997).

1. Alberione fala

https://www.youtube.com/watch?v=no3n3pgLbZI

 

 

 

2 - Papa Francisco  fala à Família Paulina:

Viver o Evangelho com paixão

"Como repetia Pe. Alberione, o verdadeiro fundador da família paulina é o Apóstolo Paulo, o modelo a imitar na total doação ao Senhor Jesus Cristo e ao seu Evangelho". E “é justamente a paixão pelo Evangelho – destaco isto: porque o Evangelho sem paixão não pode ser vivido. O Evangelho só com palavras não funciona: o Evangelho vem do coração. E é justamente a paixão pelo Evangelho que brilha nas incontáveis iniciativas apostólicas” do Bem-aventurado Alberione. (25nov2021)

 

3 – Papa Francisco fala às Filhas de São Paulo


"Alimente-se com o pão da Palavra, indo em frente entre luzes e sombras do contexto cultural em que vivemos, fiéis à própria perspectiva de vocês, ou seja, na busca das oportunidades para semear a Palavra, com a ‘fantasia’ da comunicação. Interpretando a sede e a fome dos nossos contemporâneos: sede de Deus, fome de Evangelho".

“Trata-se de partir pelos caminhos do mundo com um olhar contemplativo e pleno de empatia pelos homens e as mulheres do nosso tempo, famintos da Boa Nova do Evangelho”.

(papa Francisco, 4 out 2019)

 

4. Jesus nos fala: um texto iluminador: Lc 24,13-35

Lc 24,13-35

Jesus caminha com os homens -* 13 Nesse mesmo dia, dois discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14 Conversavam a respeito de tudo o que tinha acontecido. 15 Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e começou a caminhar com eles. 16 Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. 17 Então Jesus perguntou: «O que é que vocês andam conversando pelo caminho?» Eles pararam, com o rosto triste. 18 Um deles, chamado Cléofas, disse: «Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que aí aconteceu nesses últimos dias?» 19 Jesus perguntou: «O que foi?» Os discípulos responderam: «O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em ação e palavras, diante de Deus e de todo o povo. 20 Nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. 21 Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que tudo isso aconteceu! 22 É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo, 23 e não encontraram o corpo de Jesus. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos, e estes afirmaram que Jesus está vivo. 24 Alguns dos nossos foram ao túmulo, e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas ninguém viu Jesus.»

 

25 Então Jesus disse a eles: «Como vocês custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram! 26 Será que o Messias não devia sofrer tudo isso, para entrar na sua glória?» 27 Então, começando por Moisés e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.

 

28 Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. 29 Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: «Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando.» Então Jesus entrou para ficar com eles. 30 Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu a eles. 31 Nisso os olhos dos discípulos se abriram, e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles.

 

32 Então um disse ao outro: «Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?» 33 Na mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os Onze, reunidos com os outros. 34 E estes confirmaram: «Realmente, o Senhor ressuscitou, e apareceu a Simão!» 35 Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão.

 

Nomear as dificuldades dos discípulos para entender a Ressurreição.

No livro  Alma e Corpo para o Evangelho, Pe. Alberione indicou (Sete opúsculos escritos na década 1950-1960).

No Caminho, os discípulos apresentaram-se com o que  

5. Alberione chama de doenças da mente

- ignorância, não só no que diz respeito às verdades da fé, mas às vezes também no que diz respeito a alguns acontecimentos, os principais deveres do direito natural;

- irreflexão, onde muitas vezes as coisas ouvidas não são repensadas, nem meditadas, nem assimiladas; superficialidade, Palavra de Deus sementes comidas pelos passarinhos;

- esquecimento, onde muitas pessoas não se lembram de nada das palavras que ouviram, ficam como que esquecidas: palavra de Deus caída pelo caminho...;

- a dureza da cabeça, para aceitar ou compreender verdades naturais e sobrenaturais: palavra de Deus caída na pedra;

- o erro, que por muitas razões obscurece a mente, cega, de modo que só podem entrar alguns raios de verdade, ou talvez nem isso; palavra de Deus caída entre as pedras;

- preconceito, pelo qual é tão difícil aceitar alguma verdade, e mesmo coisas muito claras são rejeitadas por preconceito ou hostilidade aberta: a palavra de Deus caída entre os espinhos;

- perversão intelectual, falsos sistemas que perturbam a mente (naturalismo, cientificismo, mecanicismo, materialismo, crítica, voluntarismo, etc. etc.); de modo que por algum tempo é incapaz de se superar e de aceitar até as verdades mais simples, corações “tardos para entender”

Pessoas que resistem à verdade, pessoas corruptas de espírito, sem valor comparado com a fé (cf. 2 Tm 3.8).

Por causa de todas estas doenças que afetaram a mente humana, o homem se tornou mais fraco no coração, ou na mente, ou na vontade.

Como curar?

É preciso muita humildade para acusar estes males e tanta confiança para recorrer ao médico Jesus Cristo.

Tratamento

São necessários tratamentos maiores do que aqueles relativos às doenças corporais. O diagnóstico destas doenças é muitas vezes complicado, por vezes quase impossível; pois muitas vezes é o coração com todas as suas paixões que faz doer a cabeça.

Às vezes, porém, o tratamento e o prognóstico são simples. Diante de certas situações, resta apenas a oração: que, no entanto, é a onipotência de Deus colocada ao serviço do homem humilde e confiante. E temos sempre como mediadora, perante a Divina Médica, Maria SS.

REMEDIOS

Tratamento conforme o terreno

Mateus 13,1-9

1 Naquele dia, Jesus saiu de casa, e foi sentar-se às margens do mar da Galileia. 2 Numerosas multidões se reuniram em volta dele. Por isso, Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé na praia. 3 E Jesus falou para eles muita coisa com parábolas: «O semeador saiu para semear. 4 Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os passarinhos foram e as comeram. 5 Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. 6 Porém, o sol saiu, queimou as plantas, e elas secaram, porque não tinham raiz. 7 Outras sementes caíram no meio dos espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. 8 Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e renderam cem, sessenta e trinta frutos por um. 9 Quem tem ouvidos, ouça!»

Ignorância – educação e cultura

A ignorância pode ser remediada com a educação. Que a ignorância religiosa é hoje o maior mal, é constatado em muitos documentos dos últimos Pontífices (Pio X, Bento XV, Pio XI, Pio XII).

´ Também pelo Papa Francisco:

“Estejam sempre com a mente aberta às novidades. Busquem, em particular, a verdade em tudo, sem se deixar condicionar pelas modas ou pelo modo comum de pensar, das curtidas ou consenso dos seguidores. Eles podem até tirar a sua liberdade. No entanto, não tenham medo das mudanças, opiniões e modos de pensar, mas sejam verdadeiros amantes da verdade, sempre disponíveis à escuta e ao debate. A ignorância gera medo e o medo gera intolerância”. ( Francisco, 2fev 2024)

O trabalho intelectual é o mais nobre, o mais cansativo, o mais meritório quando feito corretamente, o mais útil.

Mas deixemos que a educação religiosa e a cultura cresçam ao mesmo tempo: isto traz benefícios para o presente e especialmente para a eternidade.

Ao lado de escolas cada vez mais bem organizadas, o catecismo precisa ser organizado.

Dentro da vida paulina este estudo deveria ter tempo abundante. Como alguém se tornaria professor e apóstolo se não tivesse sido primeiro bom discípulo e amante do estudo dos textos sagrados?

 O apóstolo deve possuir e amar a ciência sagrada ao ponto de sentir a necessidade de comunicá-la (semeá-la)..

Irreflexão – meditação

Oposto ao descuido da mente à irreflexão: a semente que cai na estrada não germina. Ele precisa ser colocada profundamente no solo. «Maria guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração» [Lc 2,19]; ele refletiu. Ouvir coisas boas e não meditar sobre elas, não aplicá-las à vida, equivale a quem come mas não digere; significa ser “ouvintes da palavra, mas não executores” [cf. Tg 1,22.

As reflexões e aplicações com resoluções após a homilia são mais importantes do que a própria homilia. Exigem esforço, mas garantem o fruto.

Preguiça mental - atividade contínua e saudável

A preguiça mental, a inação, a falta de qualquer interesse intelectual expõe a mente ao perigo de permanecer vítima de qualquer pensamento que por ela passe.

A preguiça da mente é combatida pela atividade contínua e saudável. A mente sempre trabalhando. Se você se ocupar com coisas boas não terá tempo para o mal. É claro que devemos confiar na graça; mas não devemos tentar a Deus; sempre usar o bom senso. Uma mente que se interessa por diversas coisas e se nutre de alimentos saudáveis ​​não terá espaço para a preguiça.

Dureza de espirito - docilidade

A docilidade se opõe à dureza de espírito. A pessoa se coloca com boa disposição: “Fala, Senhor, porque o teu servo te escuta” [1Sm 3,9], essa é uma condição necessária. Os fariseus não a possuíam; portanto, eles nem mesmo cederam às evidências. Tomé não quis acreditar nos outros apóstolos que afirmavam ter visto o Senhor; e os Apóstolos mereceram que Jesus «os repreendesse pela sua incredulidade e dureza de coração» [Mc 16,14] porque, apesar de o terem visto várias vezes, não tinham acreditado na sua ressurreição. Terrreno duro, impenetrável – terra boa.

Erro -  é vencido pela verdade

A verdade se opõe ao erro. O espírito de mentira e falsidade é típico do diabo, que enganou desde o início (Gn 1). Ele também tentou enganar Jesus Cristo. Na pessoa mergulhada em erros, empedernida, dificilmente a verdade entrará. Quão difícil é a conversão! Os erros que se instalaram em  pessoas e culturas durante séculos impedem a penetração da luz da Palavra.

Quando se formam crenças errôneas de qualquer tipo, a pessoa não escuta a verdade e se coloca em uma posição defensiva, radical.

Diz-se que é necessário conhecer o erro e o mal... A resposta é: sob certas condições, porém, a saber: que haja uma necessidade, que a mente já esteja bem iluminada e fortificada na verdade. Terreno pedregoso..

Preconceito - justiça

O preconceito se opõe à justiça. Se houvesse um interesse contrário, por exemplo, perder o emprego, ou uma paixão dominante, ou o orgulho... a palavra de Deus não atingiria a maturidade. O consentimento seria passageiro, assim como a semente que nasce num solo coberto de espinhos é sufocada. Para aqueles que são retos de coração é fácil pregar, fácil fazer correções, fácil dar conselhos, fácil perseverar.

Os sofismas, as ideologias, os falsos sistemas são muitos hoje, mais do que nunca; muitas vezes o erro é sutil, apresentado de forma persuasiva. O princípio e remédio é este: “Só há um Mestre, o Cristo” [Mt 23,10]. Toda teoria que não se alinha com Cristo e com a Igreja nos faz duvidar.

. Conheça a verdade, mas encoraje o coração a amá-la. O verdadeiro católico aprofunda a sua fé, estuda-a  e torna-se apóstolo no seu ambiente.

Pe. Rafael Castañeda,ssp diz que o trinômio Bíblia, testemunho e comunicação é próprio de Alberione e seus seguidores. Espinhos – Um só Mestre.

Evangelho – Mesa da Palavra

Luz que Alberione recebeu nas horas de Adoração:

´ O Evangelho entre em todas as famílias, interpretado conforme o pensamento da Igreja

´ O Evangelho seja modelo e inspirador de todas as edições católicas

´ Culto e pregação para modelar-se e viver o Evangelho na mente, no coração e nas obras;

(AD 136-143)

 

 Mesa da Eucaristia

 


 

O verdadeiro espírito paulino encontra-se descrito  na História Carismática da Família Paulina – ABUNDANTES DIVITIAE GRATIAE SUAE – palavras de São Paulo aos Efésios:

 "Com sua bondade para conosco em Jesus Cristo, Deus quis mostrar para os tempos futuros a incomparável riqueza da sua graça". (Ef 2,7).

Neste livro encontram-se “apontamentos” em que Alberione diz que na “luz” proveniente da Hóstia ele viu verdadeiramente o Senhor; “o semicego sempre iluminado e guiado passo a passo; serviu ao Senhor para repetir as maravilhas sem fim”. (AD 209)

«A Família Paulina aspira a viver integralmente o Evangelho de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, no espírito de são Paulo, sob o olhar da Rainha dos Apóstolos. Não há nela muitas particularidades, nem devoções singulares, nem demasiadas formalidades; busca-se, porém, a vida em Cristo Mestre e na Igreja”.

“O espírito de são Paulo adquire-se da sua vida, das suas cartas, do seu apostolado. Ele está sempre vivo na dogmática, na moral, no culto, na organização da Igreja. Segredo de grandeza e de riqueza é moldar-se por Deus, vivendo em Cristo.

Para tanto, fique sempre claro o propósito de viver e agir na Igreja e pela Igreja; de inserir-se como oliveiras silvestres na oliveira vital Cristo-Eucaristia; de pensar em cada frase do Evangelho e nutrir-se delas, conforme o espírito de são Paulo. (...). Todo o homem em Jesus Cristo, para o amor total a Deus: mente, vontade, coração, forças físicas. Tudo, natureza, graça e vocação, para o apostolado. Carro que corre apoiado em quatro rodas: santidade, estudo, apostolado, pobreza.» (AD 93-100)

 Esse texto destaca claramente as características essenciais da espiritualidade do Pe. Alberione:

-  um projeto de vida:  ser e viver em Cristo;

- um modo de ser diante do Senhor: nutrir-se de “cada frase” da Palavra de Cristo e derivar tudo de Cristo Eucarístico;

A Eucaristia, o Evangelho, o Papa, o novo século, os novos meios, a doutrina do conde Paganuzzi referente à Igreja, a necessidade de nova falange de apóstolos fixaram-se-lhe de tal maneira na mente e no coração que, daí em diante, lhe dominaram sempre os pensamentos, a oração, o trabalho interior, as aspirações. Sentiu-se obrigado a servir a Igreja, os homens do novo século e a agir em união com outras pessoas. AD 20

 uma norma: viver e operar na Igreja;

Mais luz… O “sonho”

Nos momentos de particulares dificuldades, revendo

todo o seu comportamento a fim de ver se de sua parte pusera impedimentos à ação da graça, pareceu que o Mestre divino quisesse tranqüilizar o Instituto iniciado há poucos anos.

No sonho1 que teve em seguida, pareceu-lhe receber a resposta. De fato Jesus Mestre lhe dizia:

“NÃO TEMAIS, ESTOU

CONVOSCO. DAQUI QUERO ILUMINAR. ARREPENDEI-VOS DOS PECADOS”.

O “daqui” saía do tabernáculo; e com força; assim fazia entender que dele, Mestre, se há de receber toda a luz.

Falou sobre isso com o diretor espiritual explicando como a figura do Mestre estava envolvida em luz. Ele respondeu-lhe:

“Tranqüiliza-te; sonho ou não, o que foi dito é santo. Faz disso um programa prático de vida e de luz para ti e para todos os membros”.

Para isso cada vez mais orientou e fez derivar tudo do tabernáculo.

Nem naufrágio, nem satanás, nem as paixões, nem a vossa insuficiência em tudo… [poderão obstaculizar-vos], certificai-vos, porém, que me deixareis ficar convosco, não me afasteis com o pecado. “Estou convosco”, isto é, com a vossa família que eu quis, que alimento, da qual formo parte como cabeça.

Não hesiteis! ainda que sejam muitas as dificuldades, porém que eu possa sempre ficar convosco: nada de pecados…

b) Daqui quero iluminar”. Vale dizer, que eu sou vossa luz e me servirei de vós para iluminar; dou-vos esta missão e quero que a desempenheis.

A luz em que o Mestre divino estava envolvido, a força de sua voz sobre o quero e daqui, a indicação prolongada com a mão para o tabernáculo foram entendidas assim:

um convite a buscar tudo dele, Mestre divino, que mora no tabernáculo; que devia partir grande luz da então ameaçada Família Paulina… Por isso ele julgou melhor sacrificar a gramática em favor do sentido, escrevendo “Abhinc”.  Cada um entenda e pense que é transmissor de luz, alto-falante de Jesus, secretário dos evangelistas, de são Paulo, de são Pedro…; que tanto a caneta da mão como o tinteiro da máquina impressora desempenham uma única missão.

 c) O arrependimento dos pecados” significa o reconhecimento habitual dos nossos pecados, defeitos e insuficiências.

Distinguir o que é de Deus do que é nosso.

“Tudo lhe foi escola”, afirmou Alberione relembrando os inícios. O primeiro piscar de luz lhe veio da Hóstia (AD 15).

 Aquele raio de luz iluminava muitas coisas: o chamado de Jesus: “Vinde a mim todos!”, o apelo dos papas, a missão dos sacerdotes, a necessidade de uma preparação, a consciência da própria insuficiência, a confiança em Deus, a necessidade de “opor imprensa a imprensa”, na certeza de poder contar com o grande recurso do Mestre presente

– “”Estou convosco” – e que, “em Jesus Hostia se poderia ter luz, alimento,conforto, vitória sobre o mal “ (Ad 15-16).

 

O Papa Francisco fala em diversas ocasiões da Eucaristia:

"A grandeza de Deus num pedaço de Pão. É assim, com simplicidade, que Jesus nos doa o maior dos sacramentos. Hoje encontramos a grandeza de Deus num pedaço de Pão, numa fragilidade que transborda amor, transborda partilha. Fragilidade é exatamente a palavra que eu gostaria de sublinhar. Jesus se torna frágil como o pão que se parte e se esmigalha. Mas é ali que está a sua força, na fragilidade. Na Eucaristia a fragilidade é força: força do amor que se faz pequeno para ser acolhido e não temido; força do amor que se parte e se divide para nutrir e dar vida; força do amor que se fragmenta para nos reunir na unidade." (Francisco, 3 junho 2021)

 

Segundo o Papa, "há outra força que se destaca na fragilidade da Eucaristia: a força de amar quem erra. É na noite em que ele é traído que Jesus nos dá o Pão da Vida".

"Na Eucaristia é Cristo que se oferece, que se dá por nós, que nos convida para que a nossa vida seja alimentada por Ele e alimente a vida de nossos irmãos. Cada vez que participamos de uma Eucaristia, Jesus vem e Jesus nos dá a força para amar como Ele amou". Francisco explica "a lógica da Eucaristia", que "nos dá a coragem de sair ao encontro, sair de nós mesmos e de nos abrirmos amorosamente aos demais". (papa Francisco, 03 julho2023).

 

Oração a Jesus Mestre

 

Jesus Mestre, quero

pensar com a tua inteligência

 e com a tua sabedoria.
              Amar com o teu Coração...
              Ver sempre com os teus olhos.
              Falar com a tua língua.
              Ouvir somente com teus ouvidos.
              Saborear aquilo que tu gostas.
              Que as minhas mãos sejam as tuas.
              Que os meus pés sigam os teus passos.
              Quero rezar com as tuas orações.
              Tratar as outras pessoas como Tu as trata.
              Celebrar como tu te imolaste.
            Quero estar em ti e que tu estejas em mim. Amém.

(Bem-aventurado Tiago Alberione.

)

Eucaristia e Bíblia: “Eucaristia e Bíblia formam o apóstolo da edição. Sejam essas duas coisas inseparáveis e unidas nos vossos corações.” (T. Alberione).

 

Senhor, glorificai na vossa Igreja o nosso Fundador

Seja ele, para todos nós, luz, apoio e guia,

Na santificação e no apostolado.

Por sua intercessão, triunfe no mundo

Jesus, Divino Mestre

quinta-feira, 4 de abril de 2024

TIAGO ALBERIONE, UM SANTO PARA NOSSOS DIAS


No dia 4 de abril de 1884, nascia, em San Lorenzo di Fossano (Itália), 
o bem-aventurado Tiago Alberione. 
O bispo de Campo Limpo (SP), Dom Valdir José de Castro, ssp, 
fala sobre o fundador da Família Paulina


Por Dom Valdir José de Castro, ssp

No dia 26 de novembro de 1971, falecia em Roma o Bem-aventurado Tiago Alberione, deixando inestimável legado à Igreja e ao mundo, concretizado especialmente na fundação da Família Paulina . Mais que um conjunto de instituições, essa família religiosa é a consolidação de um audacioso projeto de evangelização, o qual se inspira no espírito missionário do apóstolo Paulo e encontra na comunicação um eixo comum. Certamente é impossível traçar, em poucas linhas, a globalidade da fascinante personalidade de Pe. Alberione. Destacamos apenas alguns aspectos de sua vida que, sem dúvida, são inspiradores para uma Igreja que busca vencer a tentação da autorreferencialidade, para levar a alegria do Evangelho a todas as pessoas, especialmente àquelas que vivem nas periferias existenciais da humanidade.

1. Uma vida pelo Evangelho

“Ei-lo: humilde, silencioso, incansável, sempre vigilante, sempre recolhido nos seus pensamentos, que vão da oração à ação (segundo a fórmula tradicional: ora et labora), sempre atento a perscrutar os “sinais dos tempos”, ou seja, as formas mais geniais para chegar às almas; o nosso padre Alberione deu à Igreja novos instrumentos para infundir vigor e amplitude ao seu apostolado, nova capacidade e nova consciência da validade e da possibilidade da sua missão no mundo moderno e com os meios modernos.”

Com essas palavras, Paulo VI, no dia 28 de junho de 1969, acolhia um grupo de paulinos numa audiência, com a presença do Pe. Tiago Alberione (1884-1971), já fragilizado pela idade avançada. É um discurso no qual o papa reconhece, no fundador da Família Paulina, a figura de um homem de


Igreja que dedicou toda a sua vida à busca de novos caminhos para uma evangelização que respondesse às necessidades do tempo em que viveu. Uma missão que – é oportuno recordar, mesmo que sucintamente – encontra suas raízes na experiência que fez, ainda seminarista, na catedral de Alba (Piemonte, Itália), na passagem do século XIX para o século XX, por ocasião de uma adoração eucarística.

Respondendo ao apelo que o então papa Leão XIII havia feito à Igreja para iniciar o novo século à luz de Jesus Caminho, Verdade e Vida, lá estava o jovem Alberione, em oração, compenetrado nos seus pensamentos e, sobretudo, decididamente orientado a preparar-se para fazer algo para o Senhor e para a humanidade do novo século que estava começando. Enquanto rezava, vinham à sua mente ainda juvenil, mas cheia de sonhos, as necessidades da Igreja e as questões sociais, a insistência do papa na criação de novos meios de fazer o bem e desenvolver uma imprensa forte, que levasse o Evangelho a penetrar nas massas (AD 14).

A hora do Senhor soou, como Alberione mesmo recordará, quando, já como presbítero, assumiu, em 1913, a direção do jornal diocesano Gazzetta d’Alba. A atividade jornalística abria-lhe novo caminho de evangelização, o qual se concretizaria com a fundação, em 1914, da Pia Sociedade de São Paulo (Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos), primeiramente com o objetivo de evangelizar com a imprensa e, depois, sob sua orientação, empenhando-se com a “comunicação”, incluídos os meios técnicos e eletrônicos mais rápidos e eficazes.

2. Atento aos sinais dos tempos

Padre Alberione não é pioneiro em utilizar a imprensa a serviço da evangelização. Suas ideias e sua prática pastoral tornam-se peculiares quando as entendemos na perspectiva de um autêntico projeto integrado de “nova” evangelização com os meios modernos de comunicação. Já no final da década de 1920, tinha a convicção de que “o mundo tem necessidade de nova, longa e profunda evangelização”, e que eram necessários missionários para esse novo e fecundo apostolado (ESPOSITO, 1983, p. 680, 682).

Na base de tal ideal estava a consciência de que a imprensa e os demais instrumentos de comunicação não eram simples meios subsidiários, adicionais, para comunicar o bem. Acreditava ser necessário fazer com a palavra escrita e com a comunicação audiovisual o que os pregadores faziam com a palavra oral no templo, com a vantagem de poder chegar, com os instrumentos técnicos, a uma quantidade maior de pessoas, não somente àquelas que já frequentavam a comunidade paroquial, mas também às que estavam distanciadas, em suas casas, nas fábricas, nas escolas, nos lugares de diversão. Era ciente de que, se as pessoas não iam à igreja, a igreja tinha de ir até elas.

Tal projeto nascia da capacidade de Pe. Alberione, como havia reconhecido São Paulo VI, de descobrir, ler e interpretar os “sinais dos tempos”, isto é, de considerar os grandes acontecimentos e comportamentos que caracterizavam sua época, interpretados à luz do Evangelho. Nesse sentido, Pe. Alberione não foi tanto um “homem do futuro”, como alguém poderia interpretar. Vivia a história do seu tempo, com os pés no presente, obviamente com o olhar posto no futuro, no que se refere à sua abertura às novidades que surgiam no campo da comunicação instrumental.

Outra peculiaridade é que Pe. Alberione pensou, a princípio, numa organização de leigos a serviço da evangelização (AD 24); depois de um discernimento maior, decidiu que seria formada por pessoas consagradas, homens e mulheres, “paulinos e paulinas”, que se dedicariam exclusivamente ao âmbito desse apostolado, movidas por uma espiritualidade particular. Nessa perspectiva, afirmava, em 1960:

a imprensa, o cinema, o rádio, a televisão constituem hoje as mais urgentes, as mais rápidas e as mais eficazes obras do apostolado católico. Pode ser que os tempos vindouros reservem outros meios melhores. Mas, no presente, parece que o coração do apóstolo não pode desejar forma melhor para dar Deus às almas e as almas a Deus (VM 1283).

Pensando nessa ótica, foi com grande alegria que ele acolheu, em 1965, a publicação do decreto Inter Mirifica, do Concílio Vaticano II, sobre os meios de comunicação social. Padre Alberione viu nesse documento a explícita e contundente abertura da Igreja a uma missão na qual ele, já nos inícios do século XX, acreditava, promovendo-a e dando por ela sua vida, não obstante os cansaços, sofrimentos, incompreensões e obstáculos que encontrava no caminho.


3. Viver e anunciar a Palavra, nos passos de Paulo

A evangelização com a comunicação, no projeto idealizado por Pe. Alberione, encontra sua inspiração primeira no apóstolo Paulo, não só porque é importante referência de alguém que se deixou transformar pelo amor e pela misericórdia de Deus, manifestados em Jesus, mas também porque se tornou incansável anunciador do Evangelho, seja com a própria vida, nas relações diretas com as pessoas, seja utilizando os recursos de comunicação de sua época, entre os quais as cartas.

Segundo Pe. Alberione, se São Paulo vivesse hoje, continuaria a deixar-se arder daquela dupla chama de um mesmo incêndio, o zelo por Deus e pelo seu Cristo, e pelas pessoas de cada país. E, para fazer-se escutar, subiria aos púlpitos mais elevados e multiplicaria sua palavra com os meios do progresso atual: imprensa, cinema, rádio, televisão (VM 648).

Gostava também de repetir o que, na sua época, já era um slogan recorrente, isto é, que, se São Paulo vivesse na era moderna, seria jornalista.

O moto paulino “ai de mim se não anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16) deve ser também o princípio do apóstolo da comunicação que busca responder aos desafios da evangelização por meio das linguagens modernas. Nessa perspectiva missionária, a Bíblia, insistia Pe. Alberione, é o livro por excelência a ser difundido: “A Bíblia é o livro que devemos dar: ou por meio de filmes ou em livros, ou a viva voz com a rádio, ou por meio de discos, ou de qualquer outra forma; utilizemos todos os meios que o Senhor colocou ao nosso alcance” (VM 1014).

Embora sua preocupação fosse, antes de tudo, com a difusão da Bíblia e dos Evangelhos, em particular, ele acreditava que o papel do apostolado com a comunicação, utilizando as técnicas modernas, não consistia somente em falar de religião, mas em falar de tudo cristãmente. Para ele, era responsabilidade da Igreja utilizar as diversas linguagens da comunicação com o objetivo de fazer penetrar no pensamento humano valores inspirados no Evangelho, em vista de um mundo mais humano, fraterno e justo.

 4. Em Cristo e na Igreja, para chegar a todos

Pode-se, porém, perguntar: deve-se chegar especificamente a quem com o apostolado da comunicação? O objetivo da evangelização com a comunicação é chegar a todos, porém considerando a humanidade na situação concreta em que vive. Olhando para a realidade do seu tempo, Pe. Alberione afirmava: “É precisamente neste século que devemos viver e agir. Devemos ser deste século, ou seja: tentar entender as necessidades e atendê-las”. E constatava: “Isso é fácil, pois Deus nos deu temperamento, costumes em relação ao nosso tempo, e não aos tempos passados” (VM 375).

É preciso chegar a todos com o Evangelho, com especial predileção pelos mais necessitados, ajudando-os a conquistar não somente o pão material, mas também o pão da instrução e da verdade. Para isso, insistia Pe. Alberione, é preciso utilizar uma linguagem simples na “pastoral”, termo que, para ele, significava justamente “a grande arte de dar Deus às pessoas e de dar as pessoas a Deus em Jesus Cristo” (VM 1205). É necessário, então, usar de criatividade, produzir conteúdos compreensíveis e acessíveis, com linguagens adequadas às crianças, aos jovens e adultos.

Outro segmento da sociedade considerado prioritário na mente de Pe. Alberione era o dos intelectuais. Ele era convicto de que, se queremos uma sociedade melhor, com uma “mentalidade nova”, é necessário levar o Evangelho aos intelectuais e aos que formam opinião com os meios de comunicação. “Se conquistar intelectuais, você pesca com a rede, não apenas com o anzol”, dizia o fundador da Família Paulina (VM 1329). Ele via na comunicação instrumental um canal imprescindível para criar relações e gerar diálogo com aqueles com responsabilidade na formação da consciência das pessoas, pois são eles que influenciarão as decisões às vezes fundamentais para o destino de uma comunidade, de um povo e até mesmo de um país.

 5. Os desafios da comunicação hoje

Nos últimos 50 anos, desde que Pe. Alberione deixou este mundo, a comunicação tem passado por profundas transformações – especialmente com a chegada das técnicas digitais –, assim como a Igreja, que, nas últimas décadas, tem procurado atualizar seu discurso e renovar sua prática, no que se refere a esse campo de evangelização.

Certamente, Pe. Alberione não imaginava a revolução que ocorreria no campo das técnicas comunicacionais, tampouco na realidade da comunicação como a vemos hoje configurada. Seguramente, porém, estaria aberto às mudanças ocorridas nesse âmbito, como podemos deduzir das suas palavras, quando afirma: “O mundo compreender-nos-á se utilizarmos os meios atuais para nos comunicarmos com ele. Portanto, não pense em dizer: ‘sempre fizemos isso’. Ao longo dos anos, precisamos nos adaptar às condições da época em que vivemos” (VM 347).

A atualidade de Pe. Alberione, a qual nos interpela como Igreja, reside na sua capacidade de estar atento às mudanças que a comunicação, mediada pela técnica, provoca na sociedade e, consequentemente, de buscar respostas concretas ao que se refere à ação evangelizadora. O empenho em adaptar a evangelização às condições da época em que vivia leva-nos a refletir sobre a atual realidade da comunicação e responder aos desafios que ela impõe.

A provocação a adaptar a Igreja à realidade da comunicação nos leva a considerar ao menos dois aspectos, entre muitos outros, que estão interligados e não podem ser ignorados, nos dias atuais, quando o tema é a evangelização: a compreensão da comunicação como “cultura” e a realidade do ambiente digital.

 5.1. A comunicação como “cultura”

 Antes de tudo, é preciso compreender a comunicação, mediada pela técnica, não somente como um conjunto de instrumentos que propagam informações e conteúdos, mas também como parte integrante de uma cultura que interfere diretamente na vida das pessoas.

Essa visão de comunicação já era presente no magistério do papa São João Paulo II, quando, referindo-se ao uso dos instrumentos técnicos na evangelização, advertia que

não é suficiente usá-los para difundir a mensagem cristã e o magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nesta “nova cultura”, criada pelas modernas comunicações. É um problema complexo, pois esta cultura nasce menos dos conteúdos do que do próprio fato de existirem novos modos de comunicar com novas linguagens, novas técnicas, novas atitudes psicológicas (RM 37).

A visão da comunicação como “cultura” é fundamental quando pensamos na evangelização. O Concílio Vaticano II já havia debatido sobre o perigo de criar distância entre cultura e Evangelho. De fato, parar no tempo ou romper o diálogo com a cultura sempre foram grandes tentações para a Igreja, como reconheceu o papa São Paulo VI, o que o levou a afirmar que “a ruptura entre Evangelho e cultura é, sem dúvida, o drama de nossa época, como o foi de outras” (EN 20).

O perigo da fossilização, mantendo-se em esquemas pastorais antigos, que separam a Igreja da cultura e, consequentemente, distanciam a mensagem do Evangelho das pessoas, é advertência constante também do papa Francisco. Daí o motivo de ele insistir na necessidade de a Igreja entrar na dinâmica de uma pastoral em chave missionária, que rompa com a autorreferencialidade.

Papa Francisco é contundente quando insiste sobre a urgência de a Igreja abandonar o critério pastoral do “fez-se sempre assim” e sobre a necessidade de assumir uma pastoral ousada e criativa na tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das comunidades (EG 33). Obviamente, “se pretendemos colocar tudo em chave missionária, isso se aplica também à maneira de comunicar a mensagem” (EG 34).

 5.2. O ambiente digital

Uma evangelização que deseje levar em conta os tempos atuais não pode prescindir do ambiente digital. Não se trata apenas de “usar” a internet, como se fosse mero instrumento de comunicação, mas sobretudo de viver na cultura digitalizada que influencia fortemente a noção de tempo e espaço, a forma de as pessoas se relacionarem entre si e com o mundo, a maneira de aprender, de informar-se, de manifestar-se politicamente, de consumir, de rezar etc.

O ambiente digital faz-nos ver que a forma linear de transmissão do anúncio do Evangelho – própria dos instrumentos de comunicação tradicionais, como a imprensa, o rádio, a televisão etc. – está passando por profunda “crise”; isto é, a comunicação hierárquica, que transmite a mensagem a partir de um centro para uma periferia, vai sendo substituída sempre mais, com o avanço das redes, por uma comunicação interativa e participativa.

Já não se trata simplesmente de “usar instrumentos”, mas de “habitar” um ambiente onde bilhões de pessoas circulam diariamente. O espaço digital torna-se imprescindível para a evangelização; nele somos chamados, como Igreja, não só a oferecer conteúdos religiosos ou mensagens com valores cristãos, mas também a dar testemunho com base em um estilo cristão de comportamento. É nessa linha que se insere o papa Bento XVI quando admite que “existe um estilo cristão de presença também no mundo digital que se traduz numa forma de comunicação honesta e aberta, responsável e respeitadora do outro” (BENTO XVI, 2011).

Nestes tempos de comunicação em rede, é imprescindível ter presente, como afirma o papa Francisco, que “não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor” (FRANCISCO, 2016). É verdade que o mundo digital pode favorecer as relações e promover o bem da sociedade, mas, como já manifestou tantas vezes Francisco, não pode obviamente substituir a presença física e o contato direto, tão importantes nas relações humanas e na vida das comunidades. Um justo equilíbrio é indispensável.

Enfim, a evangelização no campo da comunicação não se reduz a utilizar os instrumentos técnicos (analógicos ou digitais) ou simplesmente a habitar o ambiente digital, mas envolve favorecer, com esses recursos, a comunicação mesma, que, no seu sentido mais profundo, deve gerar proximidade, partilha, escuta, acolhimento, ajuda mútua; estimular a verdade, motivar atitudes e comportamentos genuinamente evangélicos.

 Conclusão

 Certamente, como buscamos mostrar nesta reflexão, a melhor forma de fazer memória do Bem-aventurado Tiago Alberione, neste ano em que celebramos o cinquentenário de sua partida para junto de Deus, é trazer para a atualidade seu pensamento e exemplo de vida, de modo particular suas intuições e sua contribuição para a evangelização no campo da comunicação.

 Segundo Pe. Alberione, não basta o púlpito tradicional para evangelizar, ainda que este seja carregado de significado e importância. Já na primeira metade do século XX, o fundador da Família Paulina estava convencido da necessidade de assumir a realidade da comunicação e dos recursos técnicos ligados a esse campo, ou seja, de utilizar os “púlpitos modernos”, ao lado da comunicação no templo; todavia, não como simples instrumentos de amplificação da mensagem, mas como forma concreta de “encarnar” o Evangelho na cultura atual, por intermédio das linguagens escrita, sonora e imagética.

Esse era o grande sonho de Pe. Alberione, o qual, por meio da Família Paulina, buscou concretizar. Um projeto que nasceu, porém, não do simples esforço pessoal. Como ele mesmo diria, tudo foi fruto – não obstante suas limitações – da comunhão com Deus, a qual o levou a caminhar com a Igreja e com a sociedade do seu tempo, a deixar-se iluminar pela Eucaristia, a “pensar e nutrir-se de cada frase do Evangelho, segundo o espírito de São Paulo” (AD 95).

Na sua relação com Jesus – o qual ensinou seus filhos e filhas espirituais a invocar como “Mestre, Caminho, Verdade e Vida” –, na devoção a Maria Rainha dos Apóstolos e na inspiração apostólica em São Paulo, ele encontrou luzes e fundamentos para sua santificação. De fato, sua beatificação, em 2003, por São João Paulo II, foi eloquente sinal do reconhecimento da Igreja de que é possível santificar-se, dedicando-se à evangelização no campo da comunicação moderna. Nesse sentido, o Bem-aventurado Tiago Alberione é um santo para nossos dias, uma referência de santidade, não somente para os membros da Família Paulina, mas também para todos os que acreditam na força transformadora da comunicação e se dedicam, na Igreja, a essa fascinante e desafiadora pastoral.



A Família Paulina

Em 20 de agosto de 1914, o Bem-aventurado Tiago Alberione inicia a Família Paulina, com a fundação da Pia Sociedade de São Paulo (Padres e Irmãos Paulinos), seguida, em 1915, pela fundação da Pia Sociedade Filhas de São Paulo (Paulinas), ambas as congregações com a missão exclusiva de evangelizar na cultura da comunicação.  Ao lado delas, surgem os primeiros Cooperadores Paulinos (1917). Em 1924, nascem as Pias Discípulas do Divino Mestre, para o apostolado eucarístico, sacerdotal e litúrgico. Em 1938, funda as Irmãs de Jesus Bom Pastor (Pastorinhas), destinadas ao apostolado pastoral nas paróquias, ao lado dos párocos. Com a fundação, em 1959, das Irmãs Apostolinas, dedicadas ao apostolado vocacional, completa-se a grande árvore da Família Paulina, do ponto de vista das congregações religiosas. Juntam-se ainda quatro institutos seculares: o Instituto Jesus Sacerdote, para o clero diocesano que deseja compartilhar mais estreitamente o ideal paulino, os Institutos São Gabriel Arcanjo (Gabrielinos) e Maria Santíssima Anunciada (Anunciatinas), para homens e mulheres que se consagram no mundo, e, por fim, o Instituto Santa Família, para casais que desejam viver os conselhos evangélicos no próprio estado de vida.

Referências bibliográficas

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______; COLACRAI, Angelo (Org.). Vademecum: selezione di brani sulle linee qualificanti del suo carisma (VM). Cinisello Balsamo: Edizioni Paoline, 1992.

BENTO XVI, Papa. Mensagem para o 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais: Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital, 5 jun. 2011. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/messages/communications/documents/hf_ben-xvi_mes_20110124_45th-world-communications-day.html>. Acesso em: 7 jun. 2021.

ESPOSITO, Rosario F. (Org.). La primavera paolina: L’Unione Cooperatori Buona Stampa dal 1918 al 1927. Roma: San Paolo, 1983.

FRANCISCO, Papa. Mensagem para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais: Comunicação e misericórdia: um encontro fecundo, 8 maio 2016. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/communications/documents/papa-francesco_20160124_messaggio-comunicazioni-sociali.html>. Acesso em: 7 jun. 2021.

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JOÃO PAULO II, Papa. Redemptoris Missio: Carta Encíclica sobre a validade permanente do mandato missionário, 7 dez. 1990 (RM). Disponível em: <https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_07121990_redemptoris-missio.html>. Acesso em: 7 jun. 2021.

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*Valdir José de Castro, ssp

é bispo, sacerdote paulino licenciado em Teologia, com especialização em Espiritualidade pela Universidade Gregoriana (Roma); graduado em Jornalismo pela Universidade de Caxias do Sul (RS); licenciado em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero (SP) e doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Trabalhou como formador, diretor geral de Apostolado da Paulus, professor e diretor da Fapcom e superior provincial no Brasil, superior geral da Pia Sociedade de São Paulo, Desde 2023, bispo de Campo Limpo (SP).. E-mail: valdir.decastro@paulus.net

Artigo da Revista Vida Pastoral: Novembro-dezembro de 2021